Desafios e Soluções em Armazenamento Temporário de Resíduos Parte 1

Clique AQUI e confira o perfil do Rodrigo no LinkedIn

Recebemos um convidado especial para falar dos desafios e soluções em acondicionamento interno temporário de resíduos: Rodrigo Mendes Silva já contribuiu anteriormente com uma publicação sobre Indicadores em Hotelaria Hospitalar aqui no site e nessa entrevista, abordou soluções práticas com base em uma experiência pessoa que gerou resultados excelentes.

Rodrigo Mendes Silva, é tecnólogo em processos gerenciais e gestão da qualidade e possui curso de extensão em Gerenciamento de Resíduos Sólidos promovido pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul.

Atualmente trabalha como Coordenador de Operações Corporativas em uma empresa de terceirização de mão de obra, e atua no gerenciamento e desenvolvimento de equipes full services no segmento saúde. Desde 2009 ele atua no segmento da saúde e teve a oportunidade de atuar como gestor de hotelaria em importantes instituições de saúde de São Paulo.

Acompanhe nossa entrevista em vídeo ou no texto abaixo.


Todos os créditos sobre os assuntos citados estão no texto.

Ana Augusta Hotelaria Hospitalar: Rodrigo, quais foram as suas maiores dificuldades com armazenamento temporário interno de resíduos?

Rodrigo Mendes Silva:
Um dos maiores problemas sem dúvidas, está relacionado à condição estrutural dos abrigos de resíduos ainda existentes em muitas instituições de saúde. Desde a RDC 306 de dezembro de 2004, é possível encontrarmos o trecho que fala sobre as recomendações técnicas exigidas para o cumprimento legal do plano de gerenciamento de resíduos. Encontramos no capítulo III da RDC, o parágrafo 1.5.3 a seguinte informação:

1.5.3 – A sala para o armazenamento temporário pode ser compartilhada com a sala de utilidades. Neste caso, a sala deverá dispor de área exclusiva de no mínimo 2 m2, para armazenar, dois recipientes coletores para posterior traslado até a área de armazenamento externo.

Lembrando ainda que possuímos as instruções normativas para a construção dos abrigos satélites e abrigo central.

Portanto cabe à instituição de saúde, entender que não devemos apenas conhecer a instrução teórica do documento, e sim propor o funcionamento na prática para que tenhamos legítimas condições para o acondicionamento dos resíduos gerados nas EAS.

Temos ainda algo muito comum, que está relacionado a ausência da educação ambiental multiprofissional, e isso certamente será o ponto crítico durante alguns anos. Para você ter uma ideia (e fugindo um pouco do tema) recentemente, durante uma simples viagem utilizando o metrô como meio de transporte, me deparei com uma situação extremamente preocupante: ao desembarcar na estação Brás do metrô, precisei realizar a baldeação sentido Mauá. Durante o trajeto, ao descer pela escada rolante, observei uma cena no mínimo insólita. A minha frente, havia um homem, uniformizado e coincidentemente tratava-se de um profissional de um hospital de grande porte. Ao final dessa escada, existe um stand de vendas, e é possível enxergar o teto do stand com uma placa que conta com a seguinte informação:

Isso seria no mínimo cômico, se não estivéssemos vivendo na maior metrópole do Brasil, porém acredite ou não, a placa foi colocada lá pelo simples motivo de alertar os diversos transeuntes, para que não depositem lixo ali.

Enquanto descia para realizar a baldeação, o camarada simplesmente depositou uma lata de refrigerante vazia sobre o teto. Confesso que na hora, a única coisa que tinha em mente, era de abordá-lo e orientá-lo quanto à lamentável cena que acabara de presenciar, contudo, fiquei atônito com a situação e me senti envergonhado por ele.

Ao invés de atrapalhar minha viagem, tentando ensinar o óbvio para alguém no mínimo sem noção, preferi retirar a lata do teto e consequentemente depositá-la na lixeira que esta instalada alguns metros à frente do trajeto.

Automaticamente, lembrei da conversa que teríamos em breve, e relacionei a cena ao tema que estamos discutindo. Agora eu deixo a pergunta. Quantos profissionais estão de fato envolvidos no processo de segregação e acondicionamento dos resíduos sólidos?

Ana Augusta Hotelaria Hospitalar: Como você conseguiu resolver esses desafios?

Rodrigo Mendes Silva: tive o prazer de participar de um projeto de educação ambiental e tive ainda a honra de palestrar sobre o tema para a equipe multiprofissional de uma importante maternidade no setor privado. O projeto contava com a seguinte abordagem:

  • O que são resíduos e quais são suas classificações?
  • Quais são os principais impactos ambientais causados dada a ausência pratica da correta segregação, manejo e acondicionamento dos resíduos?
  • Panorama Abrelpe com os dados divulgados sobre o tema gerenciamento de resíduos no Brasil. (abrelpe.org.br/panorama/)
  • O que é, qual a estrutura e sistema de um aterro sanitário. (todamateria.com.br/aterro-sanitario/)

Entre outros temas de suma importância para o desenvolvimento e adesão do programa aplicada a equipe multiprofissional.

Ao final da palestra, ainda apresentava um vídeo incrível, que fala sobre desenvolvimento sustentável.

O mais impressionante eram as abordagens pós treinamento, e ainda como muitos profissionais que ali estavam, diziam não conhecerem a dura realidade que assombra a humanidade, e o quanto estavam dispostos a levar o assunto para seus lares.

Para causar um impacto ainda maior, eu sempre deixava a reflexão:

Você costuma jogar seu lixo fora? Onde fica o “fora” para você, considerando que o seu lixo ainda estará dentro do planeta que você vive?

Foi preciso adotar uma ação mais completa para minimizarmos os corriqueiros problemas com o acondicionamento de resíduos do hospital, e o melhor, foram os resultados positivos gerados com o envolvimento de todos.

Um dos pontos de maior visibilidade sem dúvidas, foi reverter a venda da produção do resíduo reciclável e transforma-lo em materiais de escritório e brindes para desenvolvimento e performance dos setores destaques.

Ana Augusta Hotelaria Hospitalar: Cite mais alguns resultados.

Rodrigo Mendes Silva: Tivemos uma importante adesão ao programa, e percebemos como o assunto deixa de ser complexo quando todos estão envolvidos e conhecem o processo;

Formamos um time de agentes ambientais, compostos pelos profissionais de higiene e nutrição, e consequentemente valorizamos a atuação desses profissionais. O envolvimento deles foi muito importante, pois estes nos ajudaram com o fortalecimento das ações, promovendo orientações e sanando eventuais dúvidas existentes na implantação da campanha;

Criamos um mascote, banners e material ilustrado para facilitar o entendimento sobre o gerenciamento dos resíduos gerados na instituição;

E o melhor, levamos a comissão de resíduos para uma extremidade bem maior do que estamos acostumados a lidar, e com isso, nossos membros deixaram de ser apenas estratégicos e passaram a ser executores, e isso foi fantástico.

Então, minha dica para quem nos assiste é:

Sim, vale à pena promover ações, palestras e treinamentos ambientais, os resultados podem ser incríveis, basta começar agora com a mudança!

::::::

Gostaríamos de agradecer ao Grupo Higimega por apoiar essa publicação!

Tags
Gostou Da Publicação? Compartilhe.
Facebook
Twitter
LinkedIn
Email
WhatsApp
Telegram
Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Acesse nossa Política de Privacidade.