Artigo divulgado pela Joint Commission, intitulado “Garotas más na Sala de Emergência: A Cultura Alarmante de Bullying e Trotes na Enfermagem não está apenas ameaçando a profissão, mas colocando a vida dos pacientes em risco” alerta para o quanto o clima organizacional e a hostilidade no ambiente de trabalho podem prejudicar a segurança dos pacientes.
Pesquisas apontam que pelo menos 85 por cento dos enfermeiros (nos Estados Unidos) foram abusados verbalmente por um colega de trabalho. O texto é redigido com base em um documentário publicado no ano passado, que relata os bastidores dos profissionais da enfermagem. Além das longas jornadas de trabalho, instituições que não disponibilizam locais adequados (ou nenhum local) para alimentação ou descanso e do alto nível de responsabilidade da função, o desempenho desses profissionais é ameaçado por esse segredo silencioso.
A autora do documentário “The Nurses, um ano de segredos, drama, e milagres com os heróis do hospital” descreve impressionada, que por trás de pessoas que exalam compaixão e altruísmo, existe um segredo silencioso da profissão, que inclui: trotes violentos com os novatos; bullying e sabotagem; sonegação de informações cruciais ou ajuda; disseminação de rumores; xingamentos; favoritismos e intimidar ou repreender enfermeiros até que peçam demissão. Esses são alguns dos problemas enfrentados silenciosamente por esses profissionais.
Os desafios para manter o equilíbrio emocional e a resiliência necessários para superar essas adversidades e conseguir desempenhar bem suas funções vão ainda mais longe. Outro artigo escrito com base no mesmo livro, relata a alarmante realidade de tratamento desrespeitoso entre médicos e enfermagem.
De acordo com a Joint Commission International:
- Em hospitais, comportamentos intimadores e destrutivos podem levar à erro médico, aumento dos custos da assistência, e podem colocar em risco a saúde dos pacientes;
- Em estudo realizado com instituições de saúde do país (Estados Unidos), 63% dos casos resultantes em morte inesperada de pacientes ou deficiência permanente, podem ser rastreados por erros de comunicação.
Gostaríamos que essa fosse uma realidade isolada dos Estados Unidos, mas infelizmente temos evidenciado como esse comportamento tem sido realidade em algumas instituições de saúde no Brasil, e pior, não está restrito à equipe clínica: se existe desrespeito entre médicos e enfermeiros, enfermeiros e técnicos, quanto mais devem sofrer os profissionais das áreas de apoio e hotelaria hospitalar? Especialmente porque o nosso trabalho só é visto quando algo não sai conforme o esperado: é como se nosso indicador de bom desempenho fosse medido pela ausência de reclamações e críticas e as melhorias e conquistas nunca fossem devidamente reconhecidas.
Em contrapartida, temos acompanhado resultados de instituições que valorizam a humanização, e a possuem implantada e disseminada enquanto cultura organizacional. E quais são esses resultados?
No artigo “Building the Business Case for Patient-Centered Care”, de Charmel e Frampton, os autores mostram que os benefícios da humanização vão além da satisfação dos clientes internos e externos:
- Redução do tempo de internação;
- Diminuição do custo por paciente;
- Diminuição da incidência de eventos adversos;
- Maiores taxas de retenção de colaboradores;
- Redução dos custos de operações;
- Declínio de queixas de maus tratos;
- Aumento de participação no mercado.
Ainda acredita que humanização é algo superficial e sem importância, ou já mudou seus conceitos?
Ana Augusta Blumer Salotti
Idealizadora, criadora e principal colunista do siteHotelariaHospitalar.Com.
Sócia fundadora da empresa Hotelaria Hospitalar Comunicação e Treinamentos, possui MBA em Gestão em Saúde, Pós Graduação em Hotelaria Hospitalar e Graduação em Hotelaria.
Palestrante nacional e internacional, docente de pós graduação.
Autora do trabalho “Análise das Contribuições do Modelo Planetree para a Prática de Hotelaria Hospitalar”, a ser disponibilizado.
